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Sustentabilidade acima das estruturas visíveis
Uma vida sustentável deve ser conquistada por sistemas solidários e interdependentes, como os complexos sistemas da natureza. Esta é a nova aprendizagem, civilizatória aprendizagem. Como construímos cidades e sociedades sustentáveis. A sustentabilidade deve ser percebida, construída e conquistada em três níveis – econômica, arquitetônica e ética/cultural. A interdependência entre e dentre estes níveis será nossa abordagem e contribuição. Solidariedade não é “religião”, é interdependência responsável entre os vários elementos. E por aí podemos reconectar o próprio conceito de “religare”.
A solidariedade empreendedora foi sistematizada nos últimos cento e sessenta anos através do movimento cooperativista encabeçado pela Aliança Cooperativa Internacional – ACI. Essa aliança congrega mais de 30% da população mundial e o Brasil não era aceito como integrante até 1988, até a nova constituição. Posteriormente, por mais algumas vertentes como a Aliança para um Mundo Solidário e Responsável, que agrega o valor da Frugalidade, vem sendo alicerçado em valores como a Ajuda mútua, Equidade e Responsabilidade Solidária. Esses valores também são encontrados nas formas de vida natural, nos sistemas complexos biológicos, nas florestas. Essa visão foi sistematizada por Bill Mollison, primeiro Prêmio Nobel Especial de Ecologia – 1982.
Tal constatação não representa uma “paixão verdista” da natureza, mas sim um reconhecimento que nossa civilização vem acumulando ao longo de sua existência, conceitos fundamentais. Vamos reconectá-los, religá-los – religare. Esse argumento nos faz importante, uma vez que reconhecemos existir em nosso país, uma história da economia solidária, desde os primeiros anos do século passado, 1902. Por outro lado, reconhecemos que o acúmulo das buscas ecológicas mais recentes, neste momento, verte por todas as camadas e setores da sociedade.
Ainda se faz necessário reafirmar a importância dos conceitos do que é educação e aprendizagem, que nosso país é referência principalmente pela existência do sensível pedagogo Paulo Freire. Para nós Economia, Ecologia e Educação se fundem, e este é o nosso acreditar. Esse tripé alicerça a construção de uma vida sustentável. Nosso país tem acúmulo a ser reconectado. Não precisamos “descobrir a roda”. Este talvez seja o maior desafio da nossa sociedade – acumular, reconectar e coletivizar nossas potencialidades e, assim, falaremos de mais um fragmento deste todo a ser construído.
Escrito por Otávio Urquiza Chaves