Permacultura

Permacultura – Culturas Permanentes

A PERMACULTURA é talvez, a mais consistente ferramenta produzida pela humanidade até aqui para se alcançar um genuíno desenvolvimento sustentável.PERMACULTURA permite projetar ecossistemas humanos a um só tempo equilibrados e produtivos, conferindo permanência à nossa cultura. É um sistema de planejamento ecológico, no qual se visa atingir uma “cultura permanente”. Cultura entendida como social, humana e agronômica.

Entre a ecologia aplicada, a cooperação e a solidariedade, existem muitas afinidades e cumplicidades. Através da PERMACULTURA sistematizamos a vida em duas estruturas básicas. As estruturas visíveis e as estruturas invisíveis.

Nas estruturas visíveis, tratamos as intervenções da humanidade sobre o espaço construído, sobre a natureza. É a materialização das expressões sociais – a cidade, sintetizadas nos três elementos do espaço construído – a edificação, o paisagismo e a infra-estrutura. A partir das quatro energias naturais existentes (sol, vento, água e a biológica) integramos estes elementos construídos criando um habitat equilibrado e produtivo ao mesmo tempo. Todo o planejamento é baseado na cooperação dos elementos, trabalhando com o conceito de “ciclos” como na natureza. A meta é trazer do meio externo a menor quantidade de energia artificial e demandar para o exterior do habitat, a menor energia poluente. Todas as energias devem ser oportunizadas e aproveitadas no próprio local onde elas se encontram. Assim produzimos edificações autônomas, infra-estruturas integrativas e paisagismo produtivo.

Nas estruturas invisíveis, trabalhamos as estruturas empreendedoras a serviço da sociedade. A cooperação (ciclos)estão na base desta leitura. Edificação, Infra estrutua e paisagem cooperam entre sim e com os moradores, criando assim um habitat sensível e educativo, travando o m intercâmbio cooperativo, baseado no mesmo princípio de ciclos, como nas estruturas visíveis e na natureza. Este todo integrado instrumenta uma sociedade que permanentemente produz mais que consome. PERMACULTURA foi criada pelo biólogo australiano Bill Mollison, que por isso, foi o primeiro homem do planeta a receber o chamado “Prêmio Nobel de Ecologia”, conferido pelo Parlamento Sueco em 1981. Durante as semanas da Conferência ECO 92, no Rio de Janeiro, Bill Mollison esteve em Porto Alegre, e formou a primeira turma de projetistas permaculturais no Brasil. Temos em nossa história esta bagagem e capacitação permacultural.

Num Sistema Permacultural, de modo geral, o conceito de lugar, amplia-se, ecologicamente, para o entendimento de HABITAT, isto é, a área ocupada pelo projeto, dentro de graus de utilização variáveis, vão desde um uso humano intensivo nas edificações, até espaços de uso humano mínimo, como áreas de preservação ambiental permanente. Estas são destinadas à manutenção de micro-climas amenos e à preservação da flora e fauna silvestres, e são usadas, também, para a contemplação, ou, eventualmente, para lazer e outros usos menos intensos.

Entre os dois extremos citados, encontram-se graus de usos variáveis, onde lidamos com um ECOSSISTEMA PROJETADO, que se irradia a partir das edificações, ocupando o espaço integradamente com formas orgânicas, vivas ou construídas, produzindo um habitat capaz de beneficiar, homem e natureza, a um só tempo.

O projeto ecológico consiste, basicamente, em criar uma rede de elementos organicamente integrados, capaz de recolher as ENERGIAS NATURAIS que atravessam a área (energias do sol, da água, do vento e biológica), de modo a retê-las e transformá-las beneficamente, antes que se escoem, promovendo seu melhor uso dentro do próprio sistema, para benefício de toda VIDA (social e natural).

O conceito de CICLOS torna-se fundamental para se alcançar uma eficiência maior no fluxo energético do sistema. Cada elemento componente do ecossistema projetado é entendido como um reciclador e deverá ser implantado de modo a receber seus insumos de outro componente e ter seus resíduos reciclados por um terceiro elemento, constituindo, assim, o sistema integrado. Com isso, a um só tempo, elimina-se a poluição, reutilizando-se resíduos e eliminando-se, também, a necessidade de trabalhos extras para satisfazer as demandas de cada elemento, que são servidas automaticamente pelo próprio sistema.

A medida em que o ecossistema assim projetado evolui e se estabiliza, atingindo seu CLÍMAX, tem-se uma necessidade cada vez menor de energias externas (trabalho) para a manutenção de seus ciclos.

Os projetos ecológicos, devem ser acompanhados por processos de  EDUCAÇÃO AMBIENTAL, capacitando os usuários a atuarem benéfica e produtivamente, com interferências mínimas nos ciclos energéticos de seu habitat, capazes, porém, de produzirem efeitos multiplicadores da vida, preparando-os para uma verdadeira e consciente harmonia produtiva com a natureza.

O uso de um PAISAGISMO PRODUTIVO trará a satisfação adicional de poder-se contar, à mesa, com produtos naturais, isentos de contaminação, produzidos e colhidos localmente, num ambiente de agradável efeito estético e aromático, como também atrativos a fauna regional.

As EDIFICAÇÕES são projetadas de forma a sua maior autonomia energética, se utilizando do paisagismo produtivo e da infra-estrutura.

A INFRA-ESTRUTURA ecológica e integrativa gera interface entre os tres elementos do espaço construído.

O projeto ganha em AUTONOMIA, dependendo bem menos das energias externas artificiais fornecidas pelas redes externas de água, eletricidade e abastecimento alimentar. Ainda que essa autonomia não venha a ser completa, representará, certamente, uma economia considerável para os empreendedores e uma referência MOTIVADORA para usuários.

Um Empreendimento Auto-sustentado é composto por até cinco Zonas diferenciadas, as quais descreveremos genericamente a seguir:

ZONA ZERO: É composta pelos elementos nucleadores do zoneamento, que são as próprias edificações de uso individual  (serviços) e coletivos (Centro de Educação Ambiental por exemplo). Nesta se potencializará ao máximo as energias naturais, para o maior conforto térmico e o baixo consumo de energias externas;

ZONA 1: Corresponde às áreas situadas junto às edificações, áreas sociais e de serviços. Destinam-se à climatização e a contemplação, complementação alimentar, chás, ervas aromáticas, de fácil acesso ao manejo, e áreas de lazer familiar e coletivo; varais para secagem de roupa;

ZONA 2: Corresponde a área condominial que circunda a Zona 1. Normalmente a Zona 2 é ocupada por pomares e pequenos animais de terreiro. São elementos que necessitam menos atenção que a horta, contribuindo ao abastecimento doméstico com mais alguns itens. Também normalmente fazem parte desta Zona, os acessos e vias de circulação principal do terreno;

ZONA 3: A área classificada como Zona 3 tem a finalidade de promover uma produção alimentar modesta, beneficiando prioritariamente usos condominiais. É construída por jardins produtivos, estabelecendo culturas e criações intensivas, que aproveitam ao máximo os espaços disponíveis;

ZONA 4: É formada pelas áreas de preservação permanente, destinadas à conservação de flora e fauna nativas, ao lazer, à contemplação e à preservação de micro-climas amenos que, por exigirem menor intensidade de visitação, podem ser lançadas em locais mais distanciados. Estes espaços estão se inter-relacionando de forma permanente com os demais;

ZONA 5: São as reservas biológicas intocáveis, sem visitação humana, resguardando-as para as gerações futuras.